Doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Fique alerta!

Segundo a Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde de Ibirubá, mesmo que o índice de infestação do município esteja baixo, a população é chamada a redobrar os cuidados em suas casas, empresas e no seu entorno. Qualquer água acumulada indevidamente, associada a altas temperaturas, se torna o criadouro ideal para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, que transmite os vírus de doenças, que podem até levar à morte da pessoa infectada.

Para adquirirem os vírus, o mosquito tem que picar uma pessoa com o vírus. E agora, com o período de férias escolares, as pessoas começam a viajar para fora do município. Lugares como o Nordeste do país, Mato Grosso, Rio de Janeiro, praticamente, não têm inverno, é calor o ano todo e o mosquito continua se criando. Como o RS tem um inverno mais rigoroso acaba por inibir a proliferação do mosquito, mas ele fica em latência, eclodindo no verão. Quando as pessoas circulam por esses lugares, podem trazer o vírus para cá e assim se começa o ciclo de proliferação dos vírus e das doenças.

Todos os possíveis casos suspeitos ou diagnosticados têm que ser monitorados e investigados para saber a origem (se infectada em viagem ou se foi no município mesmo ou na região) e notificados à Vigilância Sanitária.

Sobre estas e outras informações, o médico da Secretaria Municipal de Saúde de Ibirubá, Dr. Etiani Messerschmidt, concedeu entrevista à Assessoria de Imprensa da Prefeitura Municipal no dia 08/01. Abaixo, seguem os principais trechos da conversa.

 

Cidade Viva: Estamos vivendo uns dias de muito calor e chuvas. É um período crítico para a proliferação do mosquito Aedes aegypti?

Dr. Etiani: Realmente, é um período crítico, que começa em dezembro e culmina em março, quando já tivemos registrado o maior número de casos de dengue. Esse tempo chuvoso, associado ao calor, favorece muito o crescimento do mosquito. A água ficando acumulada em qualquer objeto é o suficiente para o mosquito depositar os ovos ali, a larva desenvolve, eclode e aparece o mosquito. Como a previsão para este verão é calor e chuvas, as pessoas têm que ficar alertas para a eliminação desses possíveis focos. A fiscalização municipal está agindo com o trabalho de Agentes de Endemias e de Saúde em suas visitações. Mas os cuidados da população são a única maneira e a mais eficaz de evitarmos a criação do mosquito.

 

Cidade Viva: Quais são as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti?

Dr. Etiani: Durante muito tempo, falávamos só em Dengue, que é dividida em quatro tipos – 1, 2, 3 e 4. De uns anos para cá, surgiram a Chikungunya e a Zica Vírus.

 

Cidade Viva: Fale-nos um pouco sobre cada uma…

Dr. Etiani: Na maioria dos casos a Dengue é um pouco assintomática, a pessoa nem percebe, pois parece uma gripe leve e a própria pessoa acaba se curando. Mas, pode complicar com dor de cabeça, febre alta, dor nos olhos, mal estar geral e hemorragia, porque altera as plaquetas no sangue.

 

A Chikungunya é uma doença que, além dos clássicos sintomas da Dengue na fase aguda, tem o principal sintoma, que é a dor articular, incapacitante, duradoura. Muitos casos podem durar meses, até anos, ficando com sequelas. Aí, a pessoa tem que fazer tratamento fisioterápico, uso contínuo de medicação para dor, um caso bem pronunciado.

 

A Zika Vírus, na maioria dos casos, passa despercebida na fase aguda, a não ser por algumas manchas de pele que surgem, um estado febril leve, nada não muito pronunciado. Mas, a preocupação principal desta doença é em relação às gestantes, porque a infecção pelo Zika Vírus é um dos grandes responsáveis pela Microcefalia – crescimento restrito do cérebro, que provoca sequelas para toda vida no feto. O seu desenvolvimento neurológico será menor, tanto intelectual quanto motor. Em geral, as sequelas neurológicas são irreversíveis. Claro que, através de estímulos e acompanhamentos, o desenvolvimento da criança melhora um pouco, mas ficam sequelas. Quem é gestante ou tem em casa é preciso cuidar, usar repelente, evitar de ir para locais que tenham epidemias, como o Nordeste e Mato Grosso. O Zika Vírus está circulando pelo país e já tivemos um caso em Ibirubá.

 

Cidade Viva: Existem vacinas para auxiliar na prevenção?

Dr. Etiani: Para a Dengue, já estão fazendo testes em humanos. Mas, ainda inconclusivo para uso em larga escala, pois a eficácia ainda não é alta, em torno de 60 a 70%. Em suas campanhas, a Rede Pública trabalha com eficácia em torno de 95 a 97%. Por enquanto, está em processo de desenvolvimento. Por isto, a melhor vacina ainda é a prevenção, não proporcionarmos ambiente favorável (água parada) para o mosquito se desenvolver.

 

Cidade Viva: Qual a orientação à população no sentido de a pessoa ter algum sintoma?

Dr. Etiani: Na época de verão, um quadro gripal (infecções respiratórias) não é comum acontecer, pois os vírus respiratórios não circulam tanto agora. É mais fácil ocorrerem as gastroenterites (infecções intestinais com diarreia e vômito) por causa do calor e as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes. Por isto, é importante procurar o atendimento médico ao terem febre alta, dor de cabeça forte, dor nos olhos, manchas de pele, dor muscular, prostração, pois pode ser um caso suspeito das doenças causadas pelo mosquito Aedes. Todos os casos suspeitos têm que ser monitorados. No momento em que tem um caso numa residência, é porque ali ou no seu entorno tem um mosquito infectado. E deverá ser feito um bloqueio na região.

 

Cidade Viva: Havendo necessidade, qual o tratamento ou a medicação a ser utilizada?

Dr. Etiani: Por mais que não haja um tratamento específico (um antibiótico, um medicamento), o tratamento é de suporte, como analgésicos. E algumas medicações devem ser evitadas, como AAS, Ibunoprofeno e Cataflan, porque a Dengue, por exemplo, pode causar hemorragia por ela alterar as plaquetas e a pessoa acaba tendo sangramento. Tem que ter hidratação e repouso. Por isto, é importante procurar as Unidades de Saúde, o atendimento médico, para que a pessoa tenha a orientação correta.

 

Cidade Viva: Então, é essencial que a população tenha os cuidados necessários em suas casas e no seu entorno para contermos essas doenças…

Dr. Etiani: Durante todo o ano, a Secretaria de Saúde tem os servidores que trabalham diretamente com a população, os Agentes de Combate às Endemias e os Agentes Comunitários de Saúde, visitando os domicílios. Eles não trabalham como polícia, entrando nas casas, e sim como orientadores. Por isto, pedimos que as pessoas os acolham para receberem as orientações sobre a melhor forma de prevenir os focos de proliferação do mosquito. Inclusive, os servidores receberam uma capacitação no final do ano, ministrada pela Coordenadoria de Saúde de Cruz Alta, para melhor orientar as pessoas sobre como enfrentar a situação de combate ao mosquito e a buscar possíveis focos. O trabalho deles é muito importante. Mas, a gente sabe que o melhor trabalho quem faz é a população, cada um fazendo a sua parte.

Magda Pimentel

Assessoria de Imprensa

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