Na terceira semana de novembro, a Prefeitura de Ibirubá promoveu a retirada de árvores exóticas de grande porte do interior da Praça General Osório, zona central. Dentre outras razões, a iniciativa foi feita para inibir a proliferação de pombos, que está em número exorbitante na Praça.
Sobre o assunto, a reportagem do informativo de rádio da Prefeitura Municipal (Cidade Viva) conversou com engenheiro florestal Nelson Nicolodi, que presta serviços de análise ambiental para o Departamento Municipal de Meio Ambiente. Confira os principais tópicos da entrevista.
Cidade Viva: Por que da retirada dessas árvores?
Nelson Nicolodi: Na verdade, o levantamento já havia sido feito no ano passado. Nas proximidades da Casa do Papai Noel, havia árvores exóticas com risco de queda e algumas danificadas, que deveriam já ter sido retiradas antes e não o foram. Em outubro agora, fizemos um novo estudo e o Licenciamento Florestal nº 166/2020 com o parecer favorável ao corte de 12 exemplares de Pinos, seis ciprestes, 3 ligustros e um pinheiro alemão. Estas árvores não são adequadas a espaços públicos, pois são para corte de madeira. Aliado a isto, estamos com um problema que retornou (finais dos anos 90) desequilíbrio de pombas na Praça. Ao analisar a situação, se constatou que as copas dessas árvores estavam servindo de referência dos pombos, e a partir delas se espalhavam pela Praça. Além de tirarmos árvores inadequadas, com tronco podre podendo cair a qualquer momento, também estamos equacionando um problema sem matar nenhuma pomba, dispersando essa superpopulação para seu habitat natural e não em área urbana. O bando estava impedindo até das pessoas circularem no local.
Cidade Viva: Por que as árvores exóticas não são adequadas para os espaços públicos?
Nelson Nicolodi: São árvores usadas em escala comercial para a produção de madeira, principalmente, pinus e pinheiros alemão. Dificilmente, são cortadas depois dos 20 anos. Normalmente, os cortes são feitos com 18-20 anos, quando não atingem um porte tão alto. O que se recomenda para espaços públicos são as árvores nativas, da nossa região. Pois se conhece o tamanho, a copada, se são frutíferas, sabe-se como ela vai ser. Essas exóticas, além de serem invasoras, eliminando, inclusive, as nativas em alguns casos. No país de origem, podem dar 5 metros de altura. Aqui, um clima tropical, pode dar 30 metros. O Ministério Público, a própria Fepam e os órgãos ambientais estão orientando a sua extinção e a substituição por nativas da região.
Cidade Viva: A madeira dessas árvores poderá ser reaproveitada?
Nelson Nicolodi: Essas árvores grossas poderão ser desdobradas. Acredita-se que não tenha muito prego, pois foi usada muitas vezes para iluminação, tinha rede nelas, não se sabe o tipo de material usado. Mas, acredita-se que poderá ser aproveitada para a construção civil. Pessoal que fez a operação fez em toras, que poderão ser reaproveitadas.
Cidade Viva: Por que essas aves vieram novamente? Quais fatores que favoreceram o bando a se concentrar na Praça?
Nelson Nicolodi: Principalmente, porque ali não tem inimigos naturais, como gavião, graxaim, raposa, gatos… acabam não vindo pela movimentação das pessoas, pela iluminação. E elas se sentem seguros. Aproveito para fazer um apelo à comunidade, pois vi várias veze potes com água e comida: não coloque ali alimentação e água para cachorros e gatos. Porque serve de alimentação para as aves também e aí não saem daqui. Ficam só se procriando de forma desiquilibrada. Nos anos de 1999/2000, aconteceu isto também. Em torno de 28 dias, as pombas estão prontas para voar. Mas, as pombas estão com 15 e 20 dias, não estão prontas para voar, e já estão sendo colocados ovos de novo no mesmo ninho. Então, a cada 15/20 dias, tem produção em média de 2 pombos por ninho. Elas têm que sair em busca de água e alimento. E tem que viver a competitividade normal do seu meio ambiente, onde os inimigos naturais possam, eventualmente, pegam uma, comam alguns ovos e filhotes para que se tenha o equilíbrio.
Cidade Viva: Dentro dos projetos da Administração Abel e Alberi, há a revitalização da Praça. Esta retirada já é um início para se pensar o que pode ser melhorado nessa revitalização?
Nelson Nicolodi: A recomendação do Departamento Municipal de Meio Ambiente, do próprio Ministério Público e dos órgãos ambientais é que sejam, gradativamente, eliminadas as árvores exóticas das áreas públicas. Gradativamente, isto será feito. No mandato da nova Administração, acredito que será realizado sim assim que tiver os recursos necessários.
Cidade Viva: Qual é o total de árvores que serão retiradas na Praça?
Nelson Nicolodi: Temos previsão de retirada de 25 árvores. Neste momento, foram retiradas nove árvores. Tudo é custo, pois o trabalho é terceirizado.
Cidade Viva: Que tipo de árvores serão repostas?
Nelson Nicolodi: Destas nove que foram retiradas, estamos propondo o plantio de árvores, preferencialmente, frutíferas nativas da região, como cereja, pitanga, guabiju, uvaia, vacunzeiro (também conhecido com chal-chal), pois não são de porte elevado e disponibilizam frutos deliciosos. Futuramente, em alguns locais aonde comporta uma espécie de maior porte para sombra, serão introduzidas árvores tais como canafístula, guapuruvu e ipê.
Magda Pimentel
Assessoria de Imprensa
Administração 2017-2020